
Canção natalícia checa
do Cancioneiro Rouxinol
Den přeslavný jest k nám přišel, v němž má býti každý vesel, /:radujme se, veselme se v tomto novém roce:/ Dítě se nám narodilo, proroctví se vyplnilo, /:radujme se, veselme se v tomto novém roce:/ Nového léta vinšujem, syna neb dcery vám přejem /:Léto mine a pomine, dobrého vám přejem:/ Abychom k vám přes rok přišli a vás ve zdraví zas našli /:Léto mine a pomine vás ve zdraví našli:/ | O dia glorioso vimos chegar, todos devemos rejubilar, /:alegremo-nos, rejubilemos neste ano novo:/ A criança nasceu p´ra nós, a profecia cumpriu-se, /:alegremo-nos, rejubilemos neste ano novo:/ Ano novo desejamos, um filho ou filha pressagiamos, /:O ano passa sem voltar, votos de tudo bom:/ P´ra junto de vós que voltemos , bem de saúde vos encontremos. /:O ano passa sem voltar, de boa saúde:/ |
Rouxinol de Paraíso (Slavíček rajský)
Cancioneiro barroco de Jan Josef Božan

O «Rouxinol» de Božan é um dos três cancioneiros barrocos checos mais extensos, juntamente com o «Cancioneiro Checo» (1683), de Matěj Václav Šteyer, e o «Capella Regia Musicalis» (1693), de Václav Karel Hollan (Holan) Rovenský.
Contém 930 letras de canções, das quais 470 com pautas, para uma a cinco vozes. Božan declara que não é o autor, mas apenas coleccionador e editor das canções recolhidas de outras colecções.
Nas terras checas, os cancioneiros têm desde o final da Idade Média uma longa tradição, que em muitos aspectos não tem comparação em todo o mundo. Os cancioneiros manuscritos checos do século XV destacam-se pelo seu repertório distinto e os cancioneiros impressos desde o início do século XVI aparecem na Europa da Reforma antes de outros e superam-nos com a sua extensão. O livro de canções com o nome prosaico de «Canções» que data de 1501, foi o primeiro cancioneiro impresso em toda a Europa.
Na era barroca, o canto coral popular espalhou-se pela Europa Central. Na Boémia, os começos deste desenvolvimento dão-se no período da Reforma, quando a maioria da população pertencia a igrejas não-católicas e várias seitas, que praticavam o canto espiritual na língua nacional durente os cultos da igreja. A Igreja Católica procurou substituir aquelas canções com canções que estariam de acordo com a doutrina católica, usando-as também para fins missionários.
Assim, o maior florescimento do canto espiritual ocorreu no século XVII e no início do século XVIII, em que se insere também o «Rouxinol» de Božan. As canções eram cultivadas principalmente no meio rural, onde não havia condições de realizar a música figurativa latina. A música nas igrejas de aldeia era assegurada por mestres de escola, principalmente locais, que muitas vezes não tinham qualificação profissional e que também actuavam como organistas. No entanto, a música espiritual provavelmente praticava-se também nas cidades pequenas, sendo que naquele tempo, cantar em checo era uma manifestação dos estratos sociais mais baixos. A música expandia-se principalmente em cópias manuscritas e as pessoas aprendiam as canções memorizando-as, tal como acontecia no caso das canções populares.
A impressão de música era extremamente dispendiosa até ao final do período barroco e, por isso, relativamente rara.
O nível musical das canções nos manuscritos era muito irregular, no entanto a obra de Michna, de Bridel e muitas obras anónimas constituem verdadeiras jóias da poesia e música barrocas.
A música checa, pela qual a Boémia foi respeitosamente apelidada de “Conservatório da Europa” foi construída sobre esta tradição de canção cultivada pelos mestres de escola.